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Foto do escritorSuelen D'Andrade Viana

O Rei Gilgamesh: adaptação de Ludmila Zuman recompõe romance mais antigo do mundo


A última busca de Gilgamesh, o rei de Uruk, foi pela imortalidade. Em meados do século 19, arqueólogos descobriram escritos cuneifórmicos em tablets de argila, que continham o épico de Gilgamesh , na região hoje do Iraque (antiga Mesopotâmia). Acredita-se que esse seja o romance mais antigo já descoberto. Ele data de mais de 2000 anos antes de Cristo e foi totalmente recomposto.


O curioso sobre esse romance épico é o que ele tem em comum com escritos bíblicos, vindos muito depois dele. A ideia do inferno, de algo semelhante à arca de Noé, da travessia humana rodeada de tormentos até o paraíso...tudo isso está lá.


A história é de um rei prepotente e poderoso que, em Uruk, reinava sem escrúpulo. Tomava para si todas as noivas antes dos noivos e exterminava jovens em lutas sangrentas. Os deuses, interpelados pela população de Uruk, enviaram um homem forte selvagem que vivia como um animal (mas que havia sido civilizado por uma prostituta) para desafiá-lo e vencê-lo. No combate, Gilgamesh o vence e, depois disso, eles descobrem uma amizade de amor grandioso um pelo outro. Juntos, Gilgamesh e Enkidu vão desafiar deuses e monstros, até que Enkidu morre pela vingança dos deuses contra Gilgamesh. Enkidu pacifica Gilgamesh.


A morte do amigo-amor de Gilgamesh faz com que ele realize uma busca incrível atrás da imortalidade. Ele atravessa infernos (lembra da comédia de Dante?) até chegar ao paraíso do deus sol e ser guiado até quem lhe daria a eternidade. Gilgamesh falha no desafio para ganhar a eternidade, mas recebe a planta que lhe dará juventude até o dia de sua morte.


Gilgamesh perde a planta para uma serpente que a devora (lembra da simbologia da serpente que renova sua pele?) e volta a Uruk desolado. Sem Enkidu e sem a imortalidade. Enkidu, porém, aparece na figura de um enorme pássaro e o leva para olhar Uruk de cima. Gilgamesh vê sua cidade e tudo que ajudou a construir e se convence de que é ali que está sua imortalidade.


Não por acaso, em 1853 o épico foi encontrado entre os escombros de uma antiga biblioteca sumérica. Segundo estudiosos, Gilgamesh realmente existiu. Não se sabe quem escreveu o épico, porém.



O livro do post é uma adaptação (é preciso ler original) de Ludmila Zuman e as ilustrações fazem referência às ilustrações de William Blake e Gustave Doré para A comédia, de Dante. No Brasil, foi publicado pela Editora Record, com tradução de Sérgio Capparelli.

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