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histórias e histórias

Desde que o tempo existe
E desde que foi criada
A mulher ocupa o mundo
Cumprindo sua jornada
Buscando a consciência
E produzindo ciência
Uma na outra apoiada

E assim também o é
Dentro da literatura
Onde a força das palavras
Por vezes, sem ter candura
Discute a liberdade
Mexe com a sociedade
E toda a sua estrutura

Assim também ocorreu
Com o cordel brasileiro
Quando a primeira mulher
Em nome do companheiro
Publica sua poesia
Mas seu nome não podia
Aparecer no letreiro

Assim Maria das Neves
Publicou como Altino
A primeira cordelista
Mudou o nosso destino
Quando ousou escrever
Tomando assim o poder
No cenário nordestino

Apesar do paradoxo
Por trás dessa autoria
Que a ela foi negada
Não por sua valentia
Há também muita insistência
Das mulheres, paciência
Para publicar um dia

Com a Maria das Neves
Portas abertas tivemos
Rompimento de amarras
Em momentos tão pequenos
Superando o machismo
E também o pessimismo
Daqueles que pensam menos

Do Oiapoque ao Chuí
Então surgem cordelistas
Mulheres que bem escrevem
Relatando suas conquistas
Suas lutas, suas glórias
Criando novas histórias
São verdadeiras artistas

 

Aqui começo uma lista

Que me orgulha de verdade

Um bocado de mulher

Em um monte de cidade

Fazendo sua poesia

E levando alegria

Gozando de liberdade

 

Eu sou Érica Montenegro
Cordelista paraibana
Vivendo em Pernambuco
Tenho uma lista bacana
De tão boas companheiras
Mulheres fortes, parceiras
De uma energia insana

Tem Susana e Mariane
Tem Jarid na parada
Tem Paola e Julie
Madalena, empoderada
Izabel e Juliana
Um timaço, bem bacana
Com a história consolidada

Anne, lá na Paraíba
Em São Paulo, Daniela
Lucineide e Creusa Santo
Da poesia, aquarela
Nireuda e Graciele
Edmária e Isabele
Da mais brava à mais singela

Na famosa ABLC
Dalinha Catunda está
E ocupando o espaço
De quem vem pra coordenar
Paola é a presidente
Lutando assim pela gente
Para o cordel levantar

Tem cordelista indígena
Que o seu povo representa
A Auritha Tabajara
Mulher forte e marrenta
Que enfrenta o preconceito
Sem abrir mão do direito
E que seu dizer sustenta

Poderia trazer muitas
Que estão no Brasil afora
Fazendo da poesia
Terra em que o afeto mora
Mas o espaço é curtinho
Então em outro caminho
Trago outras sem demora

Que a poesia do cordel
Na voz de cada mulher
Ecoe e voe bem longe
O mais alto que puder
Porque ninguém determina
De cada mulher a sina
Seu lugar é onde quiser! 

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A força da palavra
das mulheres cordelistas

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